Resumo:
Nos «dois
Excerptos de Odes», Álvaro de Campos transmite uma verdadeira síntese imagética
da tradição literária orientalista europeia, trabalhando conscientemente com
uma dimensão estereotípica. Esta ser-lhe-á útil para a apresentação de um
Oriente que não é conhecível na sua especificidade histórica e geográfica, e
que lhe interessa sobretudo como um símbolo. Se, neste mapa simbólico da
civilização, o Ocidente é “tudo o que talvez seja o Futuro”, o Oriente ocupa
naturalmente o lugar da origem, uma origem que obedece ao paradigma do arcaico,
enquanto a-histórico e primitivo, mas também como locus da
sabedoria primordial.
Duarte Drumond Braga é doutorando em Estudos
Comparatistas na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, investigador do
Centro de Estudos Comparatistas da mesma faculdade e bolseiro da FCT. Tem
trabalhado sobre representações do Oriente e das religiões da Ásia na
literatura de língua portuguesa (Portugal e Goa), bem como sobre literatura
portuguesa finissecular e poesia portuguesa contemporânea. O seu projecto de
Doutorado analisa a forma como a poesia portuguesa dos séculos XIX e XX tratou
a questão do Oriente. Organizou com Paulo Borges o volume de ensaios Buda
e o Budismo no Ocidente e na Cultura Portuguesa (2007); com Everton V.
Machado o colóquio ACT 27 – Goa Portuguesa e Pós-colonial (2012).
Actuou como docente na licenciatura em Artes e Culturas Comparadas da FLUL e no
Curso de especialização em Filosofia e Estudos Orientais da mesma faculdade.